segunda-feira, 28 de setembro de 2009

28 de Setembro: Dia latino-americano e Caribenho de Luta pela Legalização do Aborto e femicídios em Curitiba: Qual a relação?


Nesta última sexta-feira, dia 18 de setembro de 2009, foi publicada uma matéria na Gazeta do Povo intitulada "No alvo, a mulher", relatando que em média 3 mulheres são assassinadas por semana em Curitiba e região e alertando o aumento de crimes em que as vítimas são mulheres. Inicialmente é importante lembrar que há uma reivindicação do movimento feministas de destacar as mortes de mulheres pelo termo 'femicídio', indicando a especificidade de gênero contida nos crimes contra mulheres.
Após a leitura desta matéria pensamos: "qual a relação entre os assassinatos, a clandestinidade do aborto e os altos índices ainda existentes de mortalidade materna, além de outras causas de morte especificamente femininas"?

Mulheres estão morrendo, basicamente, por fatores tais como: violência doméstica, falta de assistência ao parto e atenção pré-natal e complicações por abortamento inseguro, além de crimes de ódio, como lesbofobia e violência sexual. Os índices relativos à saúde feminina não são otimistas e nos mostram que as dificuldades enfrentadas por mulheres no acesso à essa derivam das políticas sexistas que historicamente as definem como propriedade dos homens e os impactos reais da desigualdade de gênero e das idéias culturais da sua inferioridade.
As mortes e outras formas de exposição não são casuais, e sim estão integradas como uma política sexual que, com recursos ideológicos, materiais, psicológicos e culturais, procura manter mulheres numa posição subordinada, de forma a melhor explorar e dispôr de seus recursos (reprodução, cuidados, trabalho doméstico). A violência masculina e sua educação para 'serem homens' (viris, bélicos) vem como mecanismo para fazer com que cada um deles se encarregue por manter esse regime - o regime Patriarcal - assim como as mortes de aborto e lesbofobia também representam uma 'punição' às mulheres que transgridem a condição de gênero e social que lhes é imputada. Pode-se dizer que funcionam até mesmo como uma ameaça: não ousem ir muito longe.
Podemos concluir que o Patriarcado está exterminando as mulheres, uma vez que a morte é o ponto culminante do controle quando os demais mecanismos a manter um grupo subjugado falharam. E este extermínio está sendo legitimado por lei - criminalização do aborto que faz com que milhares de mulheres se submetam a procedimentos em condições precárias-, pela falta de assistência básica a sáude da mulher, ou em decorrência da impunidade com que são tratados os agressores, que é resultante da própria desigualdade de poder entre os gêneros, submetendo a população feminina a uma maior vulnerabilidade e limitando a tutela de direitos a vida, bem como a falta de autonomia no processo jurídico.
Procurar viver como se deseja, seguir seus projetos e ter integridade física e mental acaba por representar uma batalha individual para muitas de nós, mas o Movimento Feminista nos mostra a importância de fazer essa luta em conjunto e reconhecer politicamente os problemas que nos atingem. Afinal, 'O Pessoal é Político'!
texto realizado coletivamente pelo CAF.

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