
Embora o termo feminismo ou feminista seja recente, não significa que mulheres nunca tenham lutado, ao longo da história, pela sua liberdade e afirmação. A resistência de mulheres sempre existiu, talvez um dos mais antigos registros de uma resistência de mulheres tenha sido a caça às bruxas durante a Inquisição Medieval, onde muitas mulheres que saiam do que era esperado delas - subordinação, obediência, resignação - mulheres que ousavam ocupar áreas de atividade e trabalho não permitida à mulheres, eram denunciadas e mortas, queimadas publicamente como 'ameaças à ordem'. Mulheres que expressaram alguma rebeldia e insubmissão ao longo do tempo podem ser vistas como feministas. Mesmo assim, por maior que seja o medo de mulheres de contestar as injustiças que presenciem, sempre há um grau de incômodo em todas mulheres, que às vezes são expressos em depressões e ansiedades, ou em pequenos e invisíveis sabotagens - queimam a comida, atrasam o expediente, 'nunca vencem a casa' demonstrando não-adaptação aos modelos exigidos delas.
Mulheres no começo do século XX passado sentiam muita inquietação e descontentamento por não se verem em possibilidades de exercerem todos seus potenciais, pois apenas eram permitidas atuarem no campo doméstico e não participar da vida pública de sua sociedade. Mulheres de classes mais pobres eram, pelo contrário, sobre-exploradas, situação que permanece, e assim se organizaram em movimentos de reinvindicação de melhorias nas condições de trabalho.
De onde vem a subordinação da Mulher?

Aprimorando suas análises, as feministas vão dizer, então, que a base da opressão sobre mulheres é o chamado Patriarcado, regime da dominação masculina, estabelecido pelo direito paterno na fundação da família. Nesta, surgem as divisões de trabalho doméstico e social, divisão que é falsa pois o trabalho de casa (incluindo aí toda gerência da família e seu bem-estar, o cuidado e criação dos filhos, a satisfação dos membros) é um trabalho social indispensável para que o Capitalismo se garanta. O trabalho feminino, de fato, é o mais sobrecarregado de todos, invisível - por não ser admitido como trabalho e sim como algo obrigatório derivado de sua condição de 'mulher' e 'mãe' - e sem reconhecimento social, não remunerado. Portanto, trata-se de um trabalho escravo.
Esse mesmo regime econômico (economia como sendo a administração dos meios de vida) precisou criar as classes sexuais como as conhecemos, homem e mulher, onde o primeiro representa os atributos da atividade, força, liderança, poder e o segundo passividade, impotência, obediência e dependência. Assim sendo, a origem de todas categorias de opressão - senhor/servo, patrão/subordinado, opressor/oprimido - surgem da divisão primeira da humanidade entre homens e mulheres. Todo oprimido, nas análises feministas, é ‘feminilizado’. A feminilidade é uma construção cultural que nos molda nos sujeitos que devemos ser, assim aprendendo desde cedo como 'funcionar' no sistema para que esse continue também 'funcionando' adequadamente. Isso significa que todos oprimidos têm algo em comum também, e que Racismo, Homofobia, Especismo (exploração dos animais), Classismo são lutas feministas pois, quando atacam os direitos de um destes grupos, atacam aos nossos também e de nós todos. A nossa Libertação só existirá quando todos forem Livres.
Então, enquanto as análises críticas de todos movimentos sociais não incorporarem as noções feministas não poderemos almejar uma profunda e verdadeira transformação social, já que o regime patriarcal é o mais antigo de todos e se ele permanece, mantêm reproduzindo os modelos e opressões que originam as sociedades Capitalistas, Imperialistas, colonizadas e militarizadas.
Feminismo é o contrário de Machismo?
Feminis

O ‘Poder’ foi disputado como uma estratégia feminista no começo de suas movimentações, e hoje ainda permanecem pautas por maior inclusão nos cargos governamentais, nos partidos e outros. Embora tenha sido uma estratégia que trouxe alguns ganhos, vem demonstrando dispersar movimento em sua atuação realmente revolucionária: com as classes sociais populares, em movimentos de moradia, terra, indígena, comunitários e de bairro. Nossa libertação e a revolução não será dada pelos que estão no Poder. O Estado e o Governo surgem junto com Patriarcado e estruturalmente (para o fim que foram concebidos) existem para apoiar os grupos que estão no Poder, estes que comandam o tráfico internacional de mulheres, que invadem países, promovem guerras, destróem meio ambiente, poluem águas e dominam vastos territórios de terras e envenenam o solo, invadem nossa vida com bens de consumo que não trazem a felicidade e que muitas vezes nos matam com produtos químicos usados na confecção dos alimentos. O Estado e o Capitalismo fazem parcerias com movimentos sociais para ganhar sua força para seu lado, para o lado dos capitalistas, industriais e agressores, e fazem negociar nossos direitos flexibilizando nossas pautas. Atualmente com o processo de globalização, os países de terceiro m

A situação não dá indícios de estar melhorando, com desempregos todo dia e crises no 'mercado financeiro', este que agora determina nossas vidas aumentando o preço dos alimentos ou nos distraindo da dor e injustiça com bens de consumo supérfluos que se tornam acessíveis. Podemos estar confortáveis até a hora em que os impactos das políticas do patriarcado-capitalismo hegemônico chegarem até nós, mulheres, nossos familiares, filhas e filhos, companheiros/as e pessoas que amamos.
Defendemos, portanto, um Feminismo aliado às lutas populares, autônomo, combativo, radical, revolucionário e independente de bandeiras partidárias.
Mulheres venham para a luta!!
MITOS E FATOS
“Feminismo é o contrário de machismo”
MITO! Machismo é a idéia da superioridade dos homens, que se expressa na sua maior valorização social. Homens ocupam mais cargos de decisão, recebem salários maior

“ Feminismo é a luta histórica das mulheres por libertação!”
VERDADE! Essa liberação diz respeito a buscar uma nova identidade para as mulheres, ou seja, algo diferente do que estamos vivendo hoje, assim como uma nova forma de sociedade e de relações pautadas em novos valores. As feministas lutam pelo fim das violências contra mulheres e as lógicas de poder desiguais que o permitem, por uma sexualidade livre, conhecendo nossos corpos, o que nos dá prazer, acabando com a repressão sexual e a dupla moral que apenas permite o gozo sexual aos homens e pela liberdade de escolher nossa parceria amorosa, pela auto-aceitação, de nossos corpos e pessoas como realmente são, pela inserção das mulheres nos campos de trabalho que não os tradicionalmente femininos e por remuneração justa, pelo fim da dupla-jornada de trabalho que sobrecarrega mulheres nos trabalhos domésticos e os de ‘fora’, pelo resgate da cultura de mulheres, pela produção e expressão de nossos pensamentos nos campos das idéias e ciências, pela visibilidade lésbica que pôe em cheque a noção de que a heterosexualidade é uma premissa universal, pela saúde integral de mulheres e pela proteção do meio ambiente.
“Feministas são lésbicas recalcadas e mal amadas!”
Essa acusação é lesbofóbica e sexista. A lesbianidade aqui é definida como negativa, e é usada a estigmatização social relacionada a ela para inibir a adesão de mulheres ao feminismo assim como aos relacionamentos não-heterosexuais, e como forma de vigi

Como nossa sociedade pune muitas vezes com morte essa escolha por mulheres e por uma vida fora do esperado para estas, chamar mulheres almejando liberdade de lésbicas é ao mesmo tempo, uma forma de tornar arriscadas suas opções políticas e contê-la, assim como também esconder a possibilidade do amor entre mulheres em sua potência revolucionária. Mulheres são ensinadas para agradar e quando expressamos nossos desejos de maior afirmação humana, nos induzem culpa por gerar 'tanto barulho e desconforto'.
O que é ser feminista então? Eu sou uma feminista?
Ser tornar feminista é conseguir se indignar com as questões expostas, de violência, falta de acesso à condições iguais de trabalho, morte, exposição de mulheres na prostituição, falta de autonomia reprodutiva nas decisões sobre seu corpo (se quero ser mãe ou não, se precisar realizar aborto estarei sem amparo e segurança legal), a invisibilidade do trabalho doméstico, a objetificação das mulheres nas mídias, a divulgação da violência sexual na pornografia, o controle que exercem sobre nosso corpo (padrões de beleza, uso obrigatório de cosméticos, demonização do aborto). Será que as feministas são ressentidas? Se é legítimo se ressentir da injustiça? Ou será que são simplesmente solidárias a todos os problemas que as mulheres sofrem? Será que para lutar por respeito e dignidade para as mulheres é ser mal-amada, ou passamos a questionar qual é o amor dos homens que nos matam, vendem e mutilam com seus padrões de beleza e definições do que é ser mulher?
(Por Coletivo de Ação Feminista. Contato: acaofeminista@gmail.com - http://acaofeminista.blogspot.com )
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